“O velho Dragoeiro que existia na Ponta do Garajau caiu ao mar durante uma chuvada intensa de sudeste, ocorrida no equinócio de Outono de 1982.”
O trabalho que tenho vindo a desenvolver tem por base o calco, uma técnica utilizada em Arqueologia.
Difundida principalmente no séc. XIX e aperfeiçoada pelo pintor orientalista Lottin de Laval nas
suas expedições arqueológicas, esta técnica permitiu, através da moldagem em gesso a partir das
simples folhas de papel, realizar uma reconstituição dos monumentos — evitando, assim, as práticas
arqueológicas vigentes que passavam pela recolha de fragmentos resultantes da destruição dos
achados.
Um calco é uma cópia dos relevos de uma inscrição lapidar obtida por pressão sobre um papel
humedecido colocado sobre o objecto a reconstituir. O meu trabalho passa por explorar as
potencialidades plásticas desta técnica para a construção de uma arqueologia ficcionada que se
traduz na criação de ‘monumentos’.
A exposição na Porta 33 tem como ponto de partida a seguinte narrativa: “O velho Dragoeiro que
existia na Ponta do Garajau caiu ao mar durante uma chuvada intensa de sudeste, ocorrida no
equinócio de Outono de 1982.” A partir desta frase, criei no espaço da Porta 33, no mês que precedeu
a data da inauguração da exposição, um ‘monumento’ que será apresentado com um conjunto de trabalhos
inéditos, calcos, desenhos e ‘livros de artista’.
O título da exposição de Nuno Henrique é retirado do livro “Conheça
o
Parque Natural da Madeira”, Funchal, 1992, Henrique Costa Neves e Ana Virgínia Valente.
Nuno Henrique