PORTA33 — ESCOLA DA VILA ARTE, ARQUITECTURA, CIDADANIA
Expo Porto Santo - Pavilhão Multiusos — 30 de Agosto a 8 de Setembro de 2024
ESCOLA DO PORTO SANTO, PORTA33

O projeto “Escola do Porto Santo”, uma parceria da PORTA33 com o Governo Regional da Madeira, o Município do Porto Santo e o Plano Nacional das Artes, tem vindo a criar na Antiga Escola da Vila um polo de disseminação de práticas artísticas participativas com impacto educacional na comunidade local. Tem o apoio financeiro da Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura, do Ministério da Cultura-Direção Geral das Artes e da Câmara Municipal do Funchal. Conta com os apoios em materiais e serviços da Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, da Secretaria Regional das Finanças Gabinete da Administração Pública Regional no Porto Santo, da Câmara Municipal do Porto Santo, da Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo S.A., da Fundação Centro Cultural de Belém, do Plano Nacional das Artes e das Tintas CIN.

CARTA DO PORTO SANTO | PORTO SANTO CHARTER

Por ocasião da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a convite do Ministério da Cultura e em colaboração com o Governo Regional da Madeira e da Associação de Promoção da Madeira, o Plano Nacional das Artes, em articulação com o GEPAC, organizou a “Conferência do Porto Santo” que contou com a presença de responsáveis políticos regionais, nacionais e europeus, das áreas da Cultura e da Educação. Intitulada “Da democratização à democracia cultural: repensar instituições e práticas”, teve lugar na ilha do Porto Santo, no Centro Cultural e de Congressos, nos dias 27 e 28 de abril de 2021, e foi ocasião para debater o significado, hoje, de “democracia cultural”, e para propor transformar a periferia insular num centro de reflexão e de irradiação de políticas culturais para a Europa.

No encerramento da Conferência, foi apresentada a “Carta de Porto Santo | Porto Santo Charter”: um documento orientador, com princípios e recomendações que promovam uma cidadania cultural plena, recolhendo os contributos de encontros com representantes dos Estados Membros da UE e de redes e organizações artísticas e culturais não-governamentais europeias. Deste modo, é um documento em que o conteúdo e o processo formal da sua construção estão em sintonia: democracia cultural. A Carta do Porto Santo destaca a importância da cultura e da educação no fortalecimento das democracias, na promoção da cidadania ativa e na defesa dos direitos humanos, reconhecendo os jovens como agentes ativos e incentivando a sua colaboração com profissionais dessas áreas.

PLANO NACIONAL DAS ARTES

O Plano Nacional das Artes (PNA) foi instituído, em Fevereiro de 2019, pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Educação, para o horizonte temporal 2019-29. A missão do PNA é promover a transformação social, mobilizando o poder educativo das artes e do património na vida dos cidadãos: para todos e com cada um.

Em parceria com o Governo Regional da Madeira, o Município do Porto Santo e a PORTA33, o PNA quer sediar na Antiga Escola da Vila do Porto Santo, um laboratório-sede do pensamento, uma questão estratégica e transversal a todo o projeto do PNA. Na periferia da periferia, pretende-se criar uma nova centralidade – fazendo irradiar desse centro, para todo o território nacional e europeu, propostas de política cultural, reflexões sobre a relação entre arte-educação e atividades artísticas com as comunidades; e promovendo, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da comunidade porto-santense.
RAÚL CHORÃO RAMALHO, MEMÓRIA DESCRITIVA

Implantou-se este edifício ficando desde já todo o terreno ocupado com um jardim destinado especialmente às crianças.

A aula poderá funcionar normalmente com os vãos abertos, ou prolongar-se para o exterior, ou ainda realizar-se totalmente ao ar livre. A cada aula corresponde um espaço exterior limitado que permitirá ao professor uma grande variedade de condições de ambiente que ele utilizará conforme achar mais conveniente.

A cobertura de lage de betão ficará perfeitamente isolada do calor ou frio com a camada de terra vegetal e vegetação previstas no projecto. Esta solução permite também dar à cobertura um aspecto atraente, o que foi tido em consideração atendendo a que será visível de vários pontos altos da povoação.

RAÚL CHORÃO RAMALHO, Projecto de Licenciamento para a Escola Primária do Porto Santo (E.P.P.S.) entregue na Câmara Municipal do Porto Santo, em Novembro de 1959.

NOVOS PRINCÍPIOS DE CONTINUIDADE
A ARQUITECTURA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA


Por ocasião da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a convite do Ministério da Cultura e em colaboração com o Governo Regional da Madeira e da Associação de Promoção da Madeira, o Plano Nacional das Artes, em articulação com o GEPAC, organizou a “Conferência do Porto Santo” que contou com a presença de responsáveis políticos regionais, nacionais e europeus, das áreas da Cultura e da Educação. Intitulada “Da democratização à democracia cultural: repensar instituições e práticas”, teve lugar na ilha do Porto Santo, no Centro Cultural e de Congressos, nos dias 27 e 28 de abril de 2021, e foi ocasião para debater o significado, hoje, de “democracia cultural”, e para propor transformar a periferia insular num centro de reflexão e de irradiação de políticas culturais para a Europa.

Em Julho de 2019, o Município do Porto Santo cedeu a “Escola da Vila” à PORTA33, por um período de 10 anos.

Com o apoio da Secretaria Regional de Turismo e Cultura a PORTA33 realizou, entre 2020 e 2021, uma primeira campanha de requalificação, orientada pelos arquitetos Madalena Vidigal e Diogo Amaro, com a realização de obras de manutenção e adaptação do edifício e com a investigação que motivou a classificação da Escola como património de interesse público, correspondendo ao comprovado e intrínseco valor afetivo para a comunidade porto-santense e ao reconhecido valor histórico, arquitetónico e artístico da Antiga Escola Primária da Vila do Porto Santo.

O trabalho desenvolvido pela PORTA33 tem vindo a ser reconhecido como um notável exemplo de reutilização do património do Arquitecto Raúl Chorão Ramalho para a utilização pública e qualificada do seu legado.

ESCOLA PRIMÁRIA DO PORTO SANTO
UM SOBRESSALTO SÓCIO CULTURAL


A arquitectura da Escola criou sobressalto cultural, como qualquer obra de arte maior, geração após geração, pelo seu posicionamento de obra universal erudita, implantada num contexto sociocultural antigo e socialmente rural. Curiosamente, parte da sua erudição e integração paisagística deve-se à atenta leitura dos valores vernáculos da arquitectura local, de que se destacam os telhados de salão, que são reinterpretados nas coberturas planas dos volumes da Escola. Ao ser agora objecto de reinvenção funcional em contexto artístico pela PORTA33, renasce num novo tempo, com novo sobressalto cultural onde a comunidade permanece como parte inclusiva numa dinâmica universalista.

Por Victor Mestre (VMSA), Arquitecto
Lisboa, Julho 2024
Cortesia Umbigo Magazine — Contemporary Art and Culture

BIODIVERSIDADE, SUSTENTABILIDADE, CIDADANIA

Com o propósito de valorizar a Antiga Escola da Vila a PORTA33 propõe-se transformar o antigo campo de jogos da Escola da Vila num espaço lúdico/educacional aberto à participação da comunidade (hortas, jardins e construção de uma eira). A avaliação desta tarefa foi iniciada no final do ano passado, 2023, com o apoio do Gabinete da Administração Pública Regional no Porto Santo que para o feito disponibilizou colaboração técnica.

Na continuidade do trabalho iniciado com a reposição de jardins nos pátios de cada uma das salas de aula da Escola da Vila e a revitalização do espaço da antiga horta na zona do estacionamento, com o objetivo de contextualização e divulgação da riqueza da paisagem e da biodiversidade da Ilha do Porto Santo a transformação da superfície alcatroada que hoje cobre o antigo campo de jogos da Escola da Vila, constituirá simultaneamente uma missão científica que desperta o interesse por temáticas relacionadas com a biodiversidade, uma oportunidade para fruir de uma aprendizagem sobre os valores naturais da ilha e uma ação para aumentar o grau de fidelização da população e do público visitante com a Escola. Em termos de complemento às oficinas participativas que promovemos o jardim e a horta permitem ainda um sem número de experiências visuais e sensoriais diferentes em cada época do ano.

Pretende-se, ainda, reservar uma parcela desta superfície alcatroada para a construção de uma eira que teve no passado recente caraterísticas únicas do ponto de vista geológico, geográfico, do ordenamento territorial, social, económico e cultural e que marcou a ocupação da Ilha do Porto Santo. Agora este trabalho de construção de uma eira a que nos propomos realizar e executar reativa um tempo, um lugar de produção, de trabalho, e também um lugar de festa, de celebração, de (re)união da comunidade reforçando a função atual da Escola da Vila como lugar onde nos constituímos socialmente, onde aprendemos a viver em conjunto, onde descobrimos interesses, uma vocação, uma voz pública. A eira, como uma escola, são também lugares de escuta, em que ouvimos o outro e em que tomamos a palavra.

A “Festa da Escola da Vila”, cujas edições anteriores em 2022 e 2023, revelaram ser importante evento de mobilização e encontro de pessoas e saberes, é o culminar e apresentação pública de algumas das atividades em residência desenvolvidas na Escola do Porto Santo. A Festa da Escola da Vila, é promovida pela PORTA33 para celebrar a Escola, a comunidade porto-santense e o projeto artístico desenvolvido.

FESTA DA ESCOLA DA VILA

A “Festa da Escola da Vila”, cujas edições anteriores em 2022 e 2023, revelaram ser importante evento de mobilização e encontro de pessoas e saberes, é o culminar e apresentação pública de algumas das atividades em residência desenvolvidas na Escola do Porto Santo. A Festa da Escola da Vila, é promovida pela PORTA33 para celebrar a Escola, a comunidade porto-santense e o projeto artístico desenvolvido.

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Auditório do Centro Cultural e de Congressos do Porto Santo
e na Antiga Escola da Vila, 15-16 Novembro 2024

Nesta ilha, nesta escola
Que é nossa e é de todos
Dançam as crianças
Dançam os sonhos
Ao som cadenciado
do mar

Memórias que permanecem
nos que lá passaram
São lembranças da infância
na Escola da Vila

É hoje um edifício renovado em sonho
Com ousadia constrói-se
uma casa d’artes com outra vida

Com o coração em alvoroço
Queremos aqui afirmar
Que este espaço belo
Bem irá florescer
Se a arte aqui ficar

PASSAGEM, UM LIVRO DE MARIANA VIEGAS

Este livro chama-se Passagem.
Foi editado por ocasião da exposição com o mesmo título,
realizada na Escola do Porto Santo [Novembro 2023 | Abril 2024].
Rostos olham-nos de frente.
Todas estas pessoas, de diferentes idades,
têm uma relação com a Escola da Vila.
Durante dias, Mariana Viegas fotografou, retratou essas pessoas.
As sessões aconteceram numa sala da Escola.
Fazer um retrato é uma forma de relação.
Relação é sinónimo de semelhança, de parecença.

Alguém, no passado, chamou ao rosto a janela da alma.
O rosto, nas palavras dos filósofos, é uma lembrança de que somos humanos.
Somos porque os outros são.
Como num espelho, vemo-nos no rosto do outro.

Mariana Viegas sabe que a vida é uma passagem.
Tudo é movimento. Um retrato é movimento.
Como muitos artistas, ela apaixonou-se pela espantosa realidade das coisas.
Se olhássemos mais atentamente o rosto dos outros, e o nosso ao espelho, não haveria tantas guerras. Seria impossível haver.

Mariana Viegas e a PORTA33 agradecem a:
Graça Olival, Luís Neves, Manuela Faria, Alexandre Lopes, Tomás Santos, Susana Silva, Dinora Silva, Graziela Velosa, Nuno Lopes, Magno Velosa, Fátima Silva, Tito Neves, Afonso Ferreira, Paulo Drumond (Garrafa), José Caldeira, Rose Isabella Silva Santos, Hugo Nóbrega, Cecília Vieira de Freitas, Bia (Beatriz Câmara), Ana Neves, João Leão, Vera Menezes, Carmo Freitas, Dorisa Drumond, Sofia Oliveira, Filipe Vasconcelos, Maria José Batista, Ana Ruel, Micaela Melim, Julieta Ferreira, Dinis Melim, Leonel Nunes, Romão Dias, Francisco Velosa, Graça Perestrelo, André Velosa, Rui Velosa, Dinarte Santos, Luísa Mendonça, Filipa Leão, Raquel Azevedo, Diogo Santos, Sónia Freitas, Francisco Ribeiro, Lubélia Melim, Núria Brito, Duarte Mendonça, Nazaré Cunha, Gonçalo Vares, José Lino da Silva, Maria Inês Rodrigues, Gustavo Vasconcelos Lopes e Ivo Mendonça.

NOVOS PRINCÍPIOS DE CONTINUIDADE
A ARQUITECTURA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA


Por ocasião da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a convite do Ministério da Cultura e em colaboração com o Governo Regional da Madeira e da Associação de Promoção da Madeira, o Plano Nacional das Artes, em articulação com o GEPAC, organizou a “Conferência do Porto Santo” que contou com a presença de responsáveis políticos regionais, nacionais e europeus, das áreas da Cultura e da Educação. Intitulada “Da democratização à democracia cultural: repensar instituições e práticas”, teve lugar na ilha do Porto Santo, no Centro Cultural e de Congressos, nos dias 27 e 28 de abril de 2021, e foi ocasião para debater o significado, hoje, de “democracia cultural”, e para propor transformar a periferia insular num centro de reflexão e de irradiação de políticas culturais para a Europa.

Em Julho de 2019, o Município do Porto Santo cedeu a “Escola da Vila” à PORTA33, por um período de 10 anos.

Com o apoio da Secretaria Regional de Turismo e Cultura a PORTA33 realizou, entre 2020 e 2021, uma primeira campanha de requalificação, orientada pelos arquitetos Madalena Vidigal e Diogo Amaro, com a realização de obras de manutenção e adaptação do edifício e com a investigação que motivou a classificação da Escola como património de interesse público, correspondendo ao comprovado e intrínseco valor afetivo para a comunidade porto-santense e ao reconhecido valor histórico, arquitetónico e artístico da Antiga Escola Primária da Vila do Porto Santo.

O trabalho desenvolvido pela PORTA33 tem vindo a ser reconhecido como um notável exemplo de reutilização do património do Arquitecto Raúl Chorão Ramalho para a utilização pública e qualificada do seu legado.

PEDRA SOL
EXPOSIÇÃO DE CAROLINA VIEIRA


Pedra Sol alude a uma formação geológica de tubos de lava, observável a partir do mar ao largo do Ilhéu de Cima. Vi-a durante o Verão de 2022, mas por não ter como a registar em imagem fiquei-lhe apenas com a memória, que decerto é o que mais interessa. Naquele avistamento a importância em pensar o território físico e geológico transitou para o território atmosférico e lumínico da ilha. O Porto Santo age como espaço acentuador de fenómenos óticos e sensações pois emana, em toda a sua extensão, uma claridade intensa, por vezes próxima de uma cegueira fragmentada. Possivelmente pela ausência de vegetação densa, ou pela sua cobertura vasta de líquenes. Ali são as pedras que derramam luz.


Escola da Vila, Porto Santo, 19 Junho/6 Outubro 2024