OFICINAS DE DESENHO
Com Luísa Spínola
ESCOLA DO PORTO SANTO
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ÂNCORA — OFICINAS DE DESENHO

ADULTOS | JOVENS | CRIANÇAS
Inscrições abertas em permanência

SOBRE AS OFICINAS DE DESENHO

Por Nuno Faria

Pelas cuidadosas e cuidadoras mãos de Luísa Spínola, a Porta 33 tem assegurado um contínuo e plural conjunto de inspiradas oficinas dedicadas ao desenho. O desenho é a ferramenta que melhor desperta e traduz as forças e as energias que trazemos, por longos anos, por vezes, adormecidas ou reprimidas em nós. O desenho que para Bruce Nauman, grande artista norte-americano, equivale a pensar, é-nos íntimo desde a mais tenra idade. As crianças, que na Porta, justamente guiadas pelos bons desígnios do desenho, têm um espaço de liberdade para (ar)riscar e errar (no sentido de se poderem perder para melhor se poderem encontrar), convivem com o desenho enquanto espaço de constituição individual, enquanto primeira linguagem — como língua. O desenho é, portanto, um espaço e também um tempo. Convoca movimento e pausa, reflexão e acção, fluidez e hesitação, o corpo, o cérebro e o espírito, a memória, o inconsciente e, de forma tão bela como misteriosa, a capacidade de prever, de saber sem ter visto ou vivido, por antecipação. Esta exposição resulta de uma oficina que se prolongou por quatro sessões, em torno e com o extenso corpo de imagens fotográficas que Duarte Belo fez na Ilha do Porto Santo. Realizadas com um conjunto de 33 participantes, entre crianças e adultos, as oficinas foram, como habitualmente, concebidas por Luísa Spínola a partir de um conjunto de exercícios que propõem diferentes desafios. A questão primacial é de trabalhar a atenção, sem a qual tudo aparece desconectado, desligado. A segunda questão, como adivinhamos, é a ligação. Ligar as coisas é um trabalho constante de atenção ao mundo que nos rodeia, que cada um de nós permanentemente opera, de forma mais ou menos consciente. Ter clarividência dessa faculdade que temos — de estabelecer relações entre coisas diversas, relacionar o que aparentemente está separado — é uma conquista transformadora, que nos revela o inesgotável potencial amoroso na nossa existência. A terceira questão é a curiosidade: as plantas, os animais, as pessoas, os objectos, o vento, o mar, o sol, o ar, os insectos, os fenómenos naturais, as palavras, o som, e podíamos continuar e continuar e continuar — tudo é motivo de interesse para os curiosos. Inevitavelmente, a questão seguinte é a capacidade e a necessidade de fazermos escolhas. Tomar decisões, optar, decidir, são ações intrínsecas ao acto de desenhar. E à nossa vida, claro. O desenho como exercício é uma forma de preparação para a vida, por isso é tão importante. Aprender repetindo ajuda a interiorizar modos de fazer e de ver. Aprender é por isso esquecer que sabemos fazer. Como respirar. É estranha mas fértil a relação entre desenho e fotografia. Ao primeiro olhar, parecem não ter nenhum tipo de convivência. A fotografia surge aos nossos olhos como algo próximo da realidade, como se não entretecesse relações de invenção, de imaginação com o mundo e as coisas, como se fosse somente uma ilustração do que vemos, de como as coisas se apresentam aos nossos olhos. Para fazer descobrir o imenso mundo desconhecido da fotografia, mas também tudo aquilo que desconhecemos do mundo, mesmo dos lugares e dos seres que nos são mais próximos, nas oficinas de desenhos foram trabalhados “princípios e conceitos de bifurcação, simetria, impermanência, conexão, comunicação e conhecimento”.

Utilizando diferentes técnicas e materiais tais como a colagem, a impressão, o pastel de óleo, ceras e grafite, foram trabalhadas noções de espaço, forma, cor e luz. Pôr em causa o que julgamos conhecer, o que pensamos saber, é um precioso exercício de aprendizagem de nós mesmos e do mundo em que existimos. De uma assentada, as oficinas propiciaram aos participantes um conhecimento mais íntimo e clarividente de três segredos bem guardados: a fotografia, o Porto Santo e de eles próprios. Não é coisa pouca.

Nuno Faria Abril 2024

No âmbito da exposição de Duarte Belo — CRATERA, Arte e liberdade como escola
EIRA - Contributos para a Escola do Porto Santo e o seu Território
Escola do Porto Santo

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AULAS REGULARES
Orientação: Luísa Spínola
17 Outubro 2023 a 30 Junho 2024

DESTINATÁRIOS: jovens e adultos (terças ou quartas); crianças maiores de 6 anos (sábados)
MENSALIDADE: 20€*
AULAS AVULSO: 10€*

* Os valores incluem todos os materiais e seguro
** O pagamento da mensalidade deverá ser efectuado na primeira semana de cada mês e pode ser feito em dinheiro ou por transferência bancária.

LOCAL:
PORTA33 | ESCOLA DO PORTO SANTO
+ INFORMAÇÕES EM: Inscrições@porta33.com | (+351) 966 616 376

ESCOLA DO PORTO SANTO

As oficinas de desenho da Escola da Vila propõem, mais do que o ensino de técnicas, o apreender a ver, refletir, questionar e pensar sobre o território da ilha do Porto Santo e as suas especificidades.
Do movimento da mão e do corpo surge o traço e o gesto que potencializam, como uma caixa de ressonância, o conhecimento de si na relação com os outros. Todos estes saberes se reúnem em exercícios que interrogam o sentido das nossas responsabilidades individuais.

Maria Luísa de Freitas Spínola, nasceu no Funchal em 24 agosto 1962, possui Mestrado em Arte e Património no Contemporâneo e Atual, pela Universidade da Madeira, uma Pós-Graduação em Gestão. pelo ISCTE e Licenciatura em Artes Plásticas / Pintura pelo Instituto Superior de Arte e Design / Universidade da Madeira. Participa, desde 1994, em diversas exposições coletivas e individuais em diferentes áreas (pintura, fotografia, serigrafia, desenho e instalação).
Ilustrou livros infantis, infanto-juvenis, poesia e um livro de crónicas. Em 2006 fundou e orienta o Atelier de Artes Plásticas Gatafunhos, espaço dedicado ao desenvolvimento da criatividade, sensibilidade e expressividade de crianças, jovens e adultos, que querem conhecer e experimentar diferentes técnicas de expressão artística, num processo criativo e lúdico. Desde novembro de 2017 o Atelier Gatafunhos funciona na Porta 33 com oficinas regulares, à terça, quarta e sábados, de setembro a junho. O propósito é a prática do desenho e do movimento do corpo a partir do programa expositivo com a colaboração, entre outros, dos convidados residentes, dos artistas convidados e da equipa da Porta33. De Março de 2020 a Agosto de 2023 foi diretora de Serviços do Gabinete de Imagem e Protocolo, do Gabinete do Secretário Regional de Educação, Ciência e Tecnologia do Governo Regional da Madeira.

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